Neurodiversidade: como criar crianças que acolham outras crianças?

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Acredito que todos nós sonhamos com um futuro cada vez mais inclusivo, acolhedor e bondoso, estou certa? Então a neurodiversidade é um assunto que merece a nossa atenção.

Primeiro vamos falar sobre a segunda metade dessa palavra: diversidade. Como já abordamos em um outro texto aqui do blog, quanto mais cedo inserirmos essa pauta na vida dos pequenos cidadãos, mais chances teremos de visualizar uma sociedade empática e respeitosa para com todos.

Enquanto o dicionário denomina “diversidade” como “qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado, multiplicidade”, o termo “neurodiversidade” foi criado em 1998 e “se refere às variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo em relação à sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas”. Ou seja, o ponto central de ambos é destacar o valor presente nas diferentes características pessoais, a fim de estimular a compreensão, o respeito e o surgimento de adequações necessárias para cada realidade.

Por que é importante falar sobre neurodiversidade?

Infelizmente, durante muitos anos a sociedade construiu um “jeito padrão” de ser que foi considerado o “certo”, o “comum”. Porém, a verdade é que isso nunca deveria ter existido, pois as diferenças entre os indivíduos é o que torna a convivência em sociedade tão rica e cheio de aprendizados.

Nos últimos anos, os movimentos a favor da diversidade têm ganhado cada vez mais força. E, para podermos desmontar de vez esses “padrões” (que servem apenas para excluir quem não se encaixe neles), precisamos trabalhar para isso. Uma das formas mais eficazes de lutar contra qualquer tipo de preconceito é através do aprendizado, da escuta ativa e da empatia.

Por mais que seja triste de ver, não é raro nos depararmos com adultos que passam por grandes dificuldades até se livrarem de preconceitos alimentados por anos. Por outro lado, e para a nossa felicidade, as novas gerações estão cada vez mais preocupadas com isso. Então, temos em nosso poder uma oportunidade incrível de formar crianças que farão a diferença no mundo, acolhendo a todos e incentivando a igualdade.

O que é a neurodiversidade?

O objetivo principal desse movimento é trazer uma nova leitura sobre conexões neurológicas como autismo, TDAH e dislexia, entre outros.

Essas características por muito tempo foram consideradas “distúrbios”, como se a pessoa que as possui estivesse “em falta” com o restante da sociedade. Mas a partir do momento que concordamos que não existe um “padrão correto”, passamos a vê-las como traços de personalidades. Ou seja, dizemos tchau para o olhar que limita essas pessoas e damos boas-vindas para a visão que abraça e potencializa essas qualidades.

Como ensinar o meu filho se ainda estou aprendendo?

Caso você esteja aprendendo agora sobre neurodiversidade, não precisa se preocupar. Essa, na minha opinião, se torna uma grande oportunidade de se conectar com a criança. Afinal, você será um exemplo em tempo real de como é importante trazer esse respeito para a vida. Dúvidas vão surgir de ambos os lados, então abra, espaço para diálogos, pesquisem, conversem com outras pessoas, tirem dúvidas, debatam… Juntos, vocês podem aprender muito mais!

Hoje vivemos em uma era que basta querer aprender algo que haverá materiais disponíveis para isso. Então, aproveite essa abundância de conteúdo para expandir o seu repertório e, ao mesmo tempo, incluir seu filho nesse processo.

Use recursos lúdicos

As artes são ótimas parceiras para facilitar o entendimento de crianças sobre assuntos mais complexos. Vídeos, filmes, desenhos, livros, contação de histórias e teatros são ótimas maneiras de abordar a neurodiversidade com seu filho.

Esteja sempre atento ao pequeno e à disposição dele para quando surgirem os inevitáveis questionamentos, buscando sempre uma maneira simples e respeitosa de ensinar sobre diferenças neurológicas.

Ao assistir um desenho sobre alguém que vive no espectro autista, por exemplo, muito provavelmente seu filho irá desenvolver uma visão empática e real sobre essa característica. Em vez de cair nos preconceitos da sociedade, ele vai se tornar um agente de mudanças, promovendo igualdade.

Ensine as nomenclaturas corretas

Nós, adultos, também estamos em constante processo de aprendizados sobre as nomenclaturas corretas. Então, ensinar a criança desde cedo vai facilitar muitíssimo a evolução desses assuntos no conhecimento dela.

Sempre que ouvir alguém usando qualquer nome pejorativo ou preconceituoso, faça a correção para ser um exemplo vivo para o seu filho e para a sociedade.

Muitas vezes ficamos em dúvida de como devemos nos referir as pessoas, certo? Nesse caso, não tem erro: pesquise ou pergunte! Com educação e vontade de ser sempre a melhor versão de si mesmo, você vai receber ensinamentos valiosos.

Procure incluir pessoas neurodiversas na roda

O jeito mais prática de ensinar sobre neurodiversidade é vivê-la no dia a dia. Em vez de tratá-la só no campo da teoria, vivencie a prática. Frequente com seu filho rodas de conversa e locais que contem com pessoas diversas entre si. Muitos preconceitos enraizados nas pessoas são fortalecidos quando vivemos dentro de uma “bolha padrão”. Então, não tenha medo: estoure essa bolha, veja o mundo como ele é, permita-se conhecer pessoais e locais que vão contribuir e muito para a sua formação e a da criança como indivíduos.

Envolva a família toda e a escola no processo

“É preciso uma aldeia para criar uma criança.” Na minha opinião, essa frase se torna ainda mais real quando falamos sobre diversidade. Quanto mais as pessoas de convivência do seu filho também forem exemplos e ajudarem no aprendizado, mais fluido e prazeroso será o processo.

Infelizmente, nem sempre podemos garantir que todos ao nosso redor estarão na mesma página. Mas avalie muito bem quais influências sobre o assunto seu filho vai receber. Escolher uma escola que acolha diferentes perfis neurológicos, por exemplo, é um mega passo nesse caminho.

Amar, respeitar, incluir

Tão importante quanto compreender as diversidades e respeitá-las, é também as incluir no dia a dia. Então, incentive seu filho a de fato acolher outras pessoas, agindo efetivamente contra a exclusão e o preconceito. Amizades surgem de todos os locais e, muitas vezes, quanto mais diferentes somos dos nossos amigos, mais crescemos e evoluímos, concorda? Imagine educar uma criança para que ela seja a que impede que alguém pratique bullying com o colega… chega até a emocionar, não acha?

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1 comentário
  1. […] convidamos você a ler mais dois textos do blog, agora sobre diversidade! Você pode acessá-los aqui e […]

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