4 lições sobre parentalidade com Elisama Santos que vão mudar sua relação com seus filhos
Não sou mãe, nem sei se serei um dia, mas sou filha mais velha de quatro. E sei de perto que a jornada da parentalidade é repleta de desafios e descobertas. Apesar de não maternar, sempre gostei de aprender sobre e com as crianças, por isso, acabei lendo o livro “Por que gritamos” de Elisama Santos – escritora e psicanalista. Neste livro, apesar do público-alvo ser mães e pais, a gente aprende muito sobre nós e como nossos sentimentos – ou a falta deles – interfere na educação dos pequenos. Além disso, ela nos ajuda a refletir sobre nossa própria infância e a compreender nossos pais. Então, mesmo que você não tenha filhos, indico a leitura. Mas aqui, vou compartilhar cinco lições valiosas com foco na parentalidade baseado nos estudos apresentados por Elisama Santos. Vamos lá!
1. “Só aprendemos a lidar com o que aceitamos que existe”
O meu livro está todo grifado, e logo no começo a autora falou de uma das coisas que mais vi em diferentes ambientes: a negação de sentimentos ruins. Em suas próprias palavras, ela diz: “Aprendemos que os sentimentos ditos ruins não deveriam existir e, por isso, passamos a vida brigando com eles.”
Você mesmo pode ter ouvido ao longo da sua vida, e até reproduzido, frases como “não precisa ficar triste por isso”. O problema é que acabamos internalizando isso, e tentamos a todo custo ignorar ou suprimir sentimentos negativos. Porém, Elisama ressalta que a verdadeira aceitação é o primeiro passo para conseguir lidar com as próprias emoções, e, consequentemente, com as dos filhos. Ao reconhecer e aceitar os próprios sentimentos, é possível criar um ambiente saudável entre a família.
Às vezes vamos ficar tristes por coisas “pequenas” ou que para o outro é insignificante, mas que para nós é importante, e tudo bem. Só não podemos impedir o outro e a nós mesmos de sentir.
2. “Eu não nasci para engolir o choro. Você também não.”
O próximo ensinamento complementa o primeiro. Após reconhecer seus sentimentos, você deve se sentir livre para expressá-los – claro, desde que não ofenda o outro. Expressar emoções, especialmente aquelas consideradas “negativas”, como tristeza ou frustração, é fundamental para o bem-estar emocional de todos, inclusive das crianças. Ao criar um espaço seguro para o choro e a vulnerabilidade, elas aprendem que podem chorar, que podem procurar o cuidador para dizer que está triste e buscar ferramentas para lidar com isso. Sem essa possibilidade, o espaço deixa de ser seguro, ela vai sentir e não vai te contar o que está acontecendo, e que pode ser algo essencial que você saiba, por exemplo, bullying na escola. Então, respire, e deixe sair, o seu e o do outro.
“Não conhecemos o poder de parar de chorar com um suspiro de alívio.”
Elisama Santos
3. Não devemos responsabilizar o outro pelo que sentimos
É fácil cair na armadilha de culpar os outros por nossas emoções, no entanto, Elisama lembra a importância de assumir a responsabilidade por nossas reações e sentimentos, e mais do que isso, não usar esses sentimentos como chantagem emocional na sua parentalidade. Contra ninguém, claro, mas fica mais “fácil” de fazer isso com quem não sabe se defender, como as crianças. Provavelmente, você já ouviu frases como essa quando pequeno:
– Assim a mamãe fica triste
– Você quer me deixar triste?
Elisama explica que “frases como essas nos ensinaram que somos responsáveis pelos sentimentos dos outros. Que temos o poder de mudar o que acontece no mundo interno de quem cuida de nós. É um pouco pesado responsabilizar uma criança de 1, 2, 5 ou 10 anos pela sua felicidade, não?”
Se a criança está em alguma situação de risco, ou fazendo algo que não deve, há outras alternativas mais leves de tirá-la do risco, até a própria explicação concreta do que está acontecendo. Veja um vídeo da autora falando mais sobre chantagem emocional.
4. “A criança só pode ser criança quando o adulto se comporta como adulto”
Antes de partir para o último tópico, reforço que: esse texto não substitui a leitura do conteúdo original. “Por que gritamos” é um livro relativamente curto, que você pode ler aos poucos e praticar tudo o que aprender nele na sua vivência com a parentalidade. Já havíamos indicado ele aqui no post sobre livros de educação infantil e recomendo você visitar o post para conhecer outros livros também.
Enfim, Elisama lembra também da importância de os adultos assumirem a responsabilidade pelos próprios comportamentos como adultos. Ao agir com maturidade, respeito e empatia, o cuidador permite que a criança seja criança e se desenvolva no tempo adequado. A psicanalista destaca: “Quando esperamos que manifestem a frustração com um tom de voz calmo e tranquilo porque, caso não o façam, ficaremos nervosos e irritados, estamos desejando que sejam mais adultos do que nós. […] Roubas a sua infância, porque aprendemos que a vida é assim. Porque a nossa infância foi roubada de nós.”
Quantas vezes vemos adultos que esperam que as crianças saibam, sozinhas, desde um ou dois anos, a se “comportar” diante de sentimentos que ela nem conhecia ainda, como a raiva, frustração, decepção, etc. Nem nós adultos sabemos lidar sempre com tantos sentimentos. Por isso, é essencial que esse ciclo se interrompa para que, no futuro, esse pequeno não tenha também uma criança interior ferida.
Em conclusão, as lições preciosas compartilhadas por Elisama Santos nos convidam a nos abraçar com compaixão e aceitação. Assim, será mais fácil reproduzir isso na sua parentalidade. Gostou? Já leu o livro?
[…] encontrar amor, compreensão e suporte emocional. Desse modo, também faz parte da missão da parentalidade ensinar a dialogar desde […]